Depois te ter conhecido um pouco mais sobre a história e a fundação do A.A, agora é o momento de saber como funciona uma reunião, isso mesmo, deixe de lado o preconceito, do que você viu e ouviu, fazer um prejulgamento de um dependente químico não é melhor forma de entender a verdadeira realidade.
O grupo que tivemos a honra de conhecer foi o “Nova Orleans”, fundado em 24 de março de 1998. As reuniões acontecem na Paróquia de nossa comunidade, são abertas a todos, alcoólicos, não alcoólicos, familiares e todos que queiram participar ou apenas conhecer como funciona o Alcoólicos Anônimos.
Quando o participante ingressa ao A.A., é lhe entregue uma ficha, a qual representa sua caminhada. A primeira delas é de cor AMARELA; após 3 (três) meses de frequência e sobriedade é entregue a ficha de cor AZUL; com 6 (seis) meses a de cor ROSA; com 9 (nove) meses a de cor VERMELHA; e com 1(um) ano sendo a última ficha a de cor VERDE. Estas fichas são de extrema importância para um membro, pois irá carregá-la consigo para auxilia-lo na caminhada, demonstrando os passos dados nesse árduo percurso.
Na sala há um presidente que administra a reunião e conduz seu regular andamento (interessante citar que este também é um alcoólico em tratamento) que inicia o encontro dizendo a seguinte frase:
“QUANDO QUALQUER UM, SEJA ONDE FOR, ESTENDER A MÃO PEDINDO AJUDA, QUERO A MÃO DE A.A. ESTEJA SEMPRE ALI E PARA ISSO EU SOU RESPONSÁVEL”.
Em seguida, pede-se uma breve invocação, a Oração (cristã) da Serenidade: “Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguir umas das outras”. Pede-se alguns instantes de silêncio a todos presentes.
Na sequência, é aberto aos membros para darem seu testemunho, os próprios membros citam o alcoolismo como doença física, mental e espiritual, doença está incurável e progressiva, mas que pode ser ESTACIONADA. A maioria relatou que foi difícil de ir a primeira reunião em virtude de sentirem medo e vergonha das outras pessoas, do que iriam falar, mas que descobriram que isto era um temor infundado, e que através da troca de confidências e experiências lhes dá uma grande força para não beber. Evitar o primeiro gole. Alguns afirmaram que se não fosse o A.A. com certeza já teriam perdido a vida, e sempre ao final dos relatos terminam dizendo: “Só por hoje eu não bebi”.
Oportuno mencionar de que além das reuniões, existem livros escritos pelos seus fundadores, um deles é OS DOZE PASSOS – UM PROGRAMA ESPIRITUAL, onde o próprio autor Bill W. atesta que: “Os nossos depoimentos nas reuniões, são como uma bicicleta. A bicicleta tem pneu dianteiro e o traseiro, e os dois tem de estar cheios para a bicicleta andar, e ainda temos que tocar o pedal”. A literatura de A.A. é muito rica, tanto em diversidade quanto em conteúdo.
OS 12 PASSOS | AS 12 TRADIÇÕES |
1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas. | 1. Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de A.A.
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2. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
| 2. Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum – um Deus amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.
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3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
| 3. Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber.
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4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
| 4. Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros Grupos ou a A.A. em seu conjunto.
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5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas. | 5. Cada Grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
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6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter. | 6. Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso propósito primordial.
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7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
| 7. Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora.
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8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados. | 8. Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não-profissional, embora nossos centros de serviços possam contratar funcionários especializados.
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9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
| 9. A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.
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10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
| 10. Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
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11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
| 11. Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.
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12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
| 12. O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
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O autor frisa também que somente as reuniões não são suficientes, ou seja, além de contar as histórias de como eram é preciso contar o que se vive o agora, e para isso elaborou os 12 passos e as 12 tradições. Vejamos:
Costuma-se dizer que as Doze Tradições são para a harmonia e sobrevivência do Grupo o que os Doze Passos são para a recuperação individual de cada membro.
Ainda, em certo momento da reunião, os membros arrecadaram doações entre si e, antes que possamos nos manifestar no sentido de fazer uma contribuição, nos alertaram prontamente que NÃO é aceito dinheiro ou qualquer contribuição financeira de pessoas que não são membros da irmandade.
Um objeto nos chamou a atenção, uma pequena tartaruga em cima da mesa, a qual, representa para eles, de como cada membro do A.A deve ser, pois esse réptil, embora aparente lentidão, é forte e paciente, sendo conhecido pela sua longevidade. Como diziam os antepassados: “Mesmo devagar, siga em frente…O importante é a persistência”. E é isto que os membros do A.A. aplicam no dia-a-dia.
Veja que, a vida de um A.A. é viver um dia após o outro, pois a luta de um dependente é um exercício diário, é uma mudança de hábitos, de rotinas, de companhias bem como em desviar trajetos, ou seja, muitos precisam encontrar outros caminhos para não passar em frente ao bar e de ser verdadeiro consigo mesmo, dizendo para si mesmo: “só por hoje eu não bebi”.
Por fim, mister ressaltar que o programa de A.A. serve também para diversas formas de dependência, visto que o problema em si não é substância, mas sim o auto controle e a dependência.
Creio que, ser um dependente de álcool (e de qualquer outra forma de dependência) não é uma escolha, todos nós somos humanos, falhamos e cometemos erros, todos passam por problemas, seja ele financeiro, familiar, mental ou espiritual! O grande segredo da vida é você ter fé e esperança, acreditar no seu Deus que te dá forças e nunca desistir de lutar.
Ter equilíbrio mental nessas horas difíceis é fundamental e principalmente sabedoria, afinal a VIDA é uma escola e com ela aprendemos diuturnamente.
Dra. Tatiane Mahfond Bueno Bovo/ Dr. Atilio Bovo Neto
ADVOCACIA BOVO