Direitos de pais com filhos com autismo no trabalho! Conheça seus direitos

Criança autista brincando com blocos coloridos, ao lado do texto Direitos de pais com filhos com autismo no trabalho – Advocacia Bovo.

Direitos trabalhistas de pais com filhos autistas

Pais e mães de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) enfrentam uma rotina desafiadora, que inclui consultas médicas regulares, terapias multidisciplinares e acompanhamento constante no desenvolvimento da criança. Para garantir que esses responsáveis consigam conciliar a vida profissional com os cuidados familiares, a legislação e a Justiça do Trabalho têm reconhecido direitos trabalhistas específicos.

Essas garantias representam não apenas uma proteção legal, mas também uma forma de assegurar a dignidade da criança autista e a tranquilidade da família. Entre os principais direitos estão a redução ou flexibilização da jornada de trabalho, a concessão de licenças médicas e a proteção contra demissões arbitrárias.

Redução e flexibilização da jornada

O tema da jornada de trabalho para pais de filhos autistas é um dos mais debatidos nos tribunais. Embora não exista ainda uma lei federal específica prevendo a redução, a Justiça do Trabalho tem reconhecido, com base na Constituição Federal e no Estatuto da Pessoa com Deficiência, que o empregador deve oferecer condições diferenciadas.

Alguns exemplos práticos:

  • Redução de jornada sem diminuição salarial: decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) têm garantido que pais possam trabalhar menos horas por dia, mantendo o salário integral, quando comprovada a necessidade do acompanhamento terapêutico;
  • Horários flexíveis: ajustes de entrada e saída do expediente para possibilitar a ida a terapias ou consultas médicas;
  • Trabalho remoto parcial: possibilidade de cumprir parte das funções em home office, especialmente após a popularização do teletrabalho durante a pandemia.

Essas medidas não apenas beneficiam a família, mas também reduzem o risco de afastamentos prolongados e garantem a continuidade da relação de trabalho.

Licenças para acompanhamento médico

Outro ponto importante é o direito a licenças remuneradas para acompanhamento de filhos com autismo em consultas e terapias. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê ausências justificadas mediante apresentação de atestado ou laudo médico.

Além disso, muitos acordos e convenções coletivas ampliam esse direito, estabelecendo limites maiores de dias por ano ou maior flexibilidade para ausência em casos de urgência.

Vale lembrar que negar a licença mediante comprovação médica pode configurar abuso de poder por parte do empregador, passível de ação judicial.

Estabilidade e proteção no emprego

Embora não haja lei específica que garanta estabilidade no emprego para pais de filhos autistas, a Justiça do Trabalho tem reconhecido que a dispensa sem justa causa pode configurar ato discriminatório e ferir o princípio constitucional da proteção à família e à criança.

Assim, em alguns casos, trabalhadores foram reintegrados judicialmente ao emprego após demissões arbitrárias, com base no melhor interesse da criança e no princípio da dignidade da pessoa humana.

Casos práticos e jurisprudências

A jurisprudência brasileira é rica em exemplos que fortalecem os direitos de pais de autistas. Alguns casos já julgados incluem:

  • Redução de 2 horas diárias da jornada sem redução salarial para mãe de criança com TEA, reconhecida pelo TST;
  • Autorização judicial para que um pai tivesse escala de trabalho flexibilizada, permitindo acompanhamento em terapias semanais;
  • Reconhecimento de dispensa discriminatória contra mãe de criança autista, com reintegração imediata ao cargo.

Essas decisões demonstram a sensibilidade da Justiça em adaptar a legislação trabalhista às necessidades reais das famílias.

Orientações para solicitar direitos

Para que os pais possam exercer seus direitos de forma segura, algumas orientações são fundamentais:

  1. Reúna documentação médica: laudos, atestados e relatórios que comprovem a condição da criança e a necessidade de acompanhamento;
  2. Formalize o pedido: protocole junto ao RH ou empregador uma solicitação por escrito de redução de jornada, licença ou flexibilização;
  3. Negocie alternativas: apresente propostas como home office parcial ou banco de horas para facilitar o acordo;
  4. Procure apoio jurídico: em caso de negativa, consulte um advogado especializado em direito trabalhista para ajuizar ação judicial;
  5. CadÚnico e BPC/LOAS: além dos direitos trabalhistas, pais também podem buscar benefícios assistenciais como o LOAS, que garante renda mínima a famílias de baixa renda com filhos autistas.

Esses passos aumentam as chances de sucesso e evitam desgastes no ambiente de trabalho.

Perguntas Frequentes

Pais de filhos com autismo podem pedir redução de jornada?

Sim, desde que haja comprovação médica da necessidade, muitos tribunais têm reconhecido esse direito.

O empregador pode negar licença para consultas médicas?

Não. Com atestado ou laudo médico, a ausência é justificada e não pode gerar desconto ou punição.

Existe estabilidade no emprego para pais de autistas?

Ainda não há lei específica, mas decisões judiciais vêm reconhecendo proteção contra demissões arbitrárias.

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